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Batalha naval

Lembro bem de, na minha infância, jogar Batalha Naval. O jogo consiste em esconder sua esquadra em um tabuleiro quadriculado, com referências de coordenadas alfanuméricas. Cada jogador, alternadamente, dita uma combinação de número e letra, buscando encontrar a esquadra adversária. Quando acertamos algo, o adversário anuncia o tipo de embarcação: encouraçado, porta-aviões, destroier… A maior alegria é conseguir acertar um dos submarinos que, por serem os menores, são os mais difíceis. E quando erramos os alvos, o adversário simplesmente retruca: “água!”.

Voltei recentemente de um workshop e expedição fotográficos de navio pelos fiordes próximos ao Estreito de Magalhães, na Patagônia Chilena. Uma das viagens mais incríveis que fiz na vida. Entre as diversas e sensacionais experiências com a paisagem e a fauna da região, fizemos uma saída para ver os pinguins-de-magalhães, que nidificam nas ilhas Tuckers. Naquela manhã, o vento havia apertado um pouco e era acompanhado por uma chuva intermitente, além do frio que era constante.

Embarcamos nos infláveis, já sabendo que a atividade não era muito promissora para fotografia. Mas, no caminho de ida, um grupo de golfinhos-do-sul (Lagenorhynchus australis) cercou o bote, brincando com as marolas da proa e da popa da embarcação em movimento. Foi um delírio generalizado e um encanto ver aqueles bichos extraordinários interagindo conosco.

Depois da sessão fotográfica com os pinguins, terminada prematuramente por conta da chuva, resolvemos voltar para o conforto do navio. Todo equipamento ia protegido para não ser molhado, pois a água respingava por todos os lados.

Então, nossos amigos golfinhos voltaram a nadar em volta dos botes. Só que, em um dado momento, vi se aproximar pela proa um outro grupo, vindo numa velocidade absurda e saltando para fora da água com frequência. Quando eles se misturaram com os que já nos acompanhavam, a brincadeira virou um festival de saltos cada vez mais incríveis e intensos.

Nesse momento, pensei que era besteira pagar mais caro por equipamentos fotográficos resistentes à água e não colocá-los à prova. Saquei minha câmera da bolsa impermeável e, apesar da chuva, dos respingos do bote e dos respingos dos próprios golfinhos, comecei a tentar fazer uma foto daquele momento especial. Para deixar a situação ainda um pouco mais difícil, a maior parte dos saltos acontecia nas minhas costas, o que exigia um alongamento, que me fez desejar ser praticante de yoga.

E, assim, aconteceu minha ‘batalha naval’: virava, dava quantos ‘tiros’ podia, voltava para proteger o equipamento da água do mar, com um paninho secava rapidamente o elemento frontal da objetiva e, logo em seguida, repetia toda a operação.

Para a grande maioria dos tiros, o resultado foi “água”, tanto na imagem registrada quanto no equipamento. Mas eis que, finalmente, um tiro acertou em cheio! E era um submarino…

Dados da foto:
– Câmera Nikon D810

– Objetiva Nikon AFS 24-120mm f/4G ED VR @ 82mm
– Exposição: ISO 900, Abertura f/4, Velocidade 1/1000s

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