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Astrofísica brasileira recebe um dos prêmios mais importantes da ciência mundial 

Astrofísica brasileira recebe um dos prêmios mais importantes da ciência mundial 

A capixaba Marcelle Soares-Santos acaba de ser considerada uma das jovens cientistas mais proeminentes do planeta, pela fundação americana Alfred P. Sloan.

Ao lado de outros 125 pesquisadores, nas áreas de Química, Física, Ciência da Computação, Economia, Biologia Molecular, Matemática, Neurociência, Ciências do Oceano, a astrofísica brasileira recebeu uma das disputadas bolsas da entidade para 2019. Marcelle estuda a natureza da expansão acelerada do universo, usando dados de alguns dos telescópios mais poderosos já construídos.

“Receber esse tipo de reconhecimento é maravilhoso para a carreira de um pesquisador jovem nesse campo tão competitivo”, disse Marcelle, em entrevista exclusiva ao Conexão Planeta. “Me senti muito honrada e agradeço muito à fundação Sloan, a todos os meus colegas que trabalham incansavelmente nos nossos projetos e as pessoas que me deram apoio ao longo dos anos até aqui. Gostaria que todas essas pessoas se sentissem reconhecidas também”.

Apesar de ter nascido em Vitória, entre os 4 e os 14 anos, Marcelle morou em Carajás, no Pará, junto com a família. “Fui estimulada a buscar excelência desde cedo, e isso certamente, é algo que influenciou todos os aspectos da minha vida até hoje”.

Toda a trajetória educacional dela foi feita através do ensino público. Fez o ensino médio em escola técnica e a graduação em Física e a pós-graduação em Astrofísica em universidades públicas – na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e na Universidade de São Paulo (USP), respectivamente. 

E por que a astrofísica? “Eu queria estudar as questões fundamentais sobre o universo em que vivemos. A astrofísica é um campo fascinante que nos permite estudar a origem e evolução do universo”, acredita.

Peço a Marcelle que tente explicar, para quem é leigo no assunto, exatamente o foco de sua pesquisa. “Se você pensar na teoria do Big Bang, o universo há 13 bilhões de anos atrás era pequeno, quente e denso. A medida que ele se expande, esfria e estruturas (como a nossa galáxia, onde a nossa estrela, o Sol, reside) se formam. Essa parte é já bem conhecida. Agora o grande mistério é que essa expansão, ao invés de enfraquecer, está acelerando! Que tipo de energia misteriosa está servindo de “combustível” para essa aceleração? Ninguém sabe ainda. A gente a de Energia Escura, embora não tem nada de escura nela. O nome mais apropriado seria Energia “Invisível”, porque ela é indetectável, mas a comunidade acadêmica começou a chamar de Energia Escura e o nome pegou. O objetivo da minha pesquisa é descobrir o que é essa Energia Escura”, explica.

Pergunto ainda se enfrentou muitas barreiras e discriminação ao optar por uma área tão dominada pelos homens.  “A gente encontra dificuldades, preconceito, discriminação. Mas vamos ganhando força também a medida que avançamos”, ressalta.

Aos 37 anos, atualmente a brasileira é professora assistente de Física na Universidade Brandeis, nos Estados Unidos. Ela também coordena um grupo de pesquisas no Femilab, renomado laboratório americano de aceleração de partículas.

“Eu saí do Brasil depois de terminar o doutorado na USP, buscando me aperfeiçoar como pesquisadora, com a intenção de ampliar minha rede de colaboradores e avançar o máximo possível na linha de pesquisa que escolhi: o estudo da origem e expansão do universo”, revela. “No Brasil há excelentes pólos de pesquisa nessas áreas também. Embora haja dificuldades, nossos pesquisadores têm muito talento, garra e tenacidade. Eu mantenho colaborações bastante produtivas com pesquisadores brasileiros e vejo que eles mantêm uma boa reputação no exterior”.

A bolsa da Alfred P. Sloan é um dos maiores reconhecimentos da pesquisa internacional. A importância dela é tal que, 47 de seus ganhadores, acabaram recebendo, posteriormente, um prêmio Nobel.

E qual é o conselho de Marcelle para as jovens cientistas brasileiras?

“Façam um plano de ação de médio a longo prazo. Siga esse plano e atualize uma vez por ano, aproximadamente. A escala de tempo das atividades no campo acadêmico é muito lenta, então não dá pra avançar muito com decisões de última hora. Identifique as áreas em que você precisa melhorar ou tópicos que precisa aprender, habilidades que serão úteis no futuro. Trace suas metas e procure avançar nessas áreas. Você vai encontrar muitas dificuldades no seu caminho, e sem um plano de ação, é mais difícil reagir a adversidades”, recomenda.

Fotos: divulgação Brandeis University

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