As borboletas do rio Juruena

As borboletas do rio Juruena

Unidades de conservação são criadas com o intuito de preservar remanescentes representativos de biomas, mas também para frear o avanço da ocupação e destruição de importantes porções dos mesmos. Este é o caso do Parque Nacional do Juruena, localizado no norte do Mato Grosso, na divisa entre os estados do Amazonas e Pará.

Este parque, juntamente com outras unidades estaduais formam uma “barreira” que irá impedir, ou pelo menos retardar, a predação que vem ocorrendo no Norte do país. Também servirá para impedir a criação de barragens ao longo do rio, preservando suas centenas de corredeiras e cachoeiras e assim, sua rica diversidade aquática.

É uma região riquíssima em biodiversidade com o rio Juruena, que tem suas nascentes em áreas úmidas e por isso, mantém um fluxo de água relativamente constante ao longo do ano, se comparado a outros rios amazônicos na mesma latitude. O rio Juruena, juntamente com o rio Teles Pires, formarão o rio Tapajós.

Em 2006 participei, como fotógrafo, da primeira expedição do então recém criado Parque Nacional do Juruena, localizado no coração da Floresta Amazônica. A expedição foi organizada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) e pelo World Wildlife Fund (WWF).

Foram 20 dias longe de tudo, descendo o rio Juruena em pequenos barcos de alumínio, em uma das áreas mais isoladas da Amazônia. As condições de trabalho eram extenuantes. Além das altas temperaturas e da umidade extrema, os integrantes da expedição eram incessantemente castigados pelas picadas de insetos.

No horário mais quente do dia, milhares de borboletas ficam sobre as pedras, alimentando-se dos sais minerais que ali se acumulam. Nunca tinha presenciado uma imagem como esta. A cena pedia para ser fotografada. Fiquei aproximadamente uma hora variando ângulos e trocando lentes sob um sol escaldante. Eu estava próximo à cachoeira Salto Augusto e por vezes, era obrigado a proteger a lente da câmera dos respingos da água.

Queria dar um leve movimento nas borboletas em voo para que não ficassem como que paradas no ar. Para dar este leve movimento, utilizei uma velocidade de 1/80 e mantive a câmera no modo manual para ter mais controle da exposição.

As borboletas são o símbolo da transformação. De lagartas rastejantes, muitas vezes urticantes, como que num passe de mágica se transformam em delicados insetos voadores que transmitem muita paz. Como fotógrafo especializado na documentação do meio ambiente sei que, do ponto de vista biológico, as borboletas são indicadores muito bons da qualidade ambiental. Por isso, para mim, é fascinante ver uma quantidade tão grande de borboletas numa mesma área.

Elas simbolizam “o coração da imagem” da Amazônia que queremos perpetuar para as gerações futuras. Para conservar a grandiosa floresta, é preciso que todas as espécies animais e vegetais sejam protegidas. Acredito que imagens como esta possam ajudar a modificar atitudes em relação à conservação ambiental, tocando as pessoas no coração.

Esta fotografia ganhou o segundo lugar no Concurso Internacional da Nikon em 2006-2007.

*Câmera, Nkon D2x, lente Nikon 12-24 com 1/80 de velocidade – F:1:10 – ISO: 100 – fotografado em RAW

Para se aprofundar na fotografia assista meu curso on-line neste link. 

Para acompanhar como foi a expedição acesse aqui

4 comentários em “As borboletas do rio Juruena

    • 18 de setembro de 2017 em 9:32 AM
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      Oi Iara. Obrigado. O local é maravilhoso. Estive outra vez lá na esperança de poder refazer a foto, melhor que essa, mas o rio estava muito cheio e este local não tinha acesso. Quero voltar lá em breve!!

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    • 20 de novembro de 2017 em 9:18 AM
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      Oi Iara. Obrigado! Ainda lembro de como foi estar no meio dos milhares de borboletas!!

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  • 21 de setembro de 2023 em 8:55 AM
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    achei essa foto sua numa revista da national geographic edição dezembro de 2007

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Zig Koch

Fotógrafo profissional com ênfase em imagens de natureza, turismo e viagens. Autor de 14 livros e 25 exposições individuais, sendo quatro internacionais. Percorreu todos os biomas brasileiros, viajou para vários países de outros continentes, fotografando para revistas, ONGs e empresas.