Árvores símbolos de parques americanos podem ser extintas por causa de aumento anormal da temperatura

Árvores símbolos de parques americanos podem ser extintas por causa de aumento anormal da temperatura

Quem era vivo nas décadas de 80 e 90 ou é mais jovem, mas fã do U2, já ouviu falar na Joshua Tree. A espécie Yucca brevifolia é uma árvore que cresce lentamente. Seu tronco é fibroso e suas folhas são pontiagudas, com espinhos, e formam grandes espirais.

Nativa do Deserto de Mojave, entre o sudeste da Califórnia e sul de Nevada, pode ser vista ainda nos estados de Utah e Arizona – todos na costa oeste dos Estados Unidos.

A árvore pode sobreviver milhares de anos à aridez do deserto. Entre as encontradas no Joshua Tree National Park, há uma com mais de 13 metros de altura.

Pois estas espécies únicas do planeta, estão ameaçadas. Um artigo publicado recentemente na Environmental Research Letters revelou que, devido ao aquecimento global, o aumento da média da temperatura em parques americanos é o dobro do registrado em outros locais.

Segundo o autor do estudo, Patrick Gonzalez, cientista que pesquisa os efeitos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas de parques, a vida neste lugares pode não se adaptar a uma temperatura mais alta. Glaciares podem derreter, pequenos roedores morrerem e espécies da flora, como a Joshua Tree, serem extintas.

“As mudanças climáticas antropogênicas (provocadas pelo ser humano) estão alterando os sistemas ecológicos e humanos globalmente, inclusive nos parques nacionais americanos, que conservam biodiversidade e recursos únicos. No entanto, a magnitude e os padrões espaciais delas em todos os parques ainda são desconhecidos”, diz Gonzalez.

A maioria dos parques nacionais dos Estados Unidos está localizada em áreas do Ártico, em grandes altitudes (montanhas) ou em desertos, onde os extremos são mais fortes – tanto para o frio, quanto para o calor. Entre 1895 e 2010, o estudo aponta que a temperatura subiu pouco mais de 1oC, o dobro da média das principais cidades do país. Pode até parecer pouco, mas para a vida selvagem, o efeito pode ser devastador. Um dos lugares onde a diferença foi mais sentida é nos parques do Alaska.

Além disso, a pesquisa indica que a ocorrência de chuvas diminui também nestas áreas.

No Parque Nacional de Yellowstone, por exemplo, besouros estão dizimando árvores porque, no passado, os insetos morriam durante o inverno. Como não enfrentam mais o frio intenso, conseguem sobreviver à estação e com isso, sua população está se multiplicando como nunca antes.

A previsão é que, caso o ritmo atual das emissões de gases de efeito estufa se mantenha, até 2100, a temperatura em parques nacionais dos Estados Unidos suba entre 3oC a 9oC.

*Com informações do jornal The Guardian 

Foto: domínio público/pixabay

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.