Antártica pode entrar em colapso até 2100, alertam cientistas

Degelo em montanhas da Antártica

A Antártica está derretendo tão rápido que a estabilidade de todo o continente pode ficar em risco até 2100, caso a humanidade não reduza as emissões de gases de efeito estufa. É isso o que aponta nova pesquisa, publicada ontem (12) pela revista Nature Geoscience.

Segundo o estudo, o colapso generalizado das plataformas de gelo – extensões flutuantes de gelo alimentadas por geleiras – poderia levar a um dramático aumento do nível do mar. Isso porque a barreira natural do fluxo de gelo das geleiras e dos mantos de gelo para o oceano seria removida.

Além disso, a pesquisa indica que o derretimento das plataformas de gelo na superfície da Antártica pode dobrar até 2050.

“Nossos resultados ilustram o quão rapidamente o derretimento na Antártica pode ser intensificado em um clima mais quente”, diz Luke Trusel, principal autor do estudo e pós-doutorando da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI). “Isso já aconteceu em lugares como a Península Antártica, onde observamos aquecimento e o abrupto colapso das plataformas de gelo nas últimas décadas. Nossas projeções mostram que níveis similares de degelo podem ocorrer por toda a costa da Antástica até o fim do século, o que levanta preocupações quanto à estabilidade futura das plataformas de gelo”, afirma.

A pesquisa foi conduzida por Trusel, Karen Frey, Sarah Das, Kristopher Karnauskas, Peter Kuipers Munneke, Michiel R. van den Broeke e Erik van Meijgaard.

Observação de satélites na Antártica

Para estudar como o degelo evolui com o passar do tempo e para “prever” o futuro das plataformas de gelo da Antártica, os cientistas combinaram observações de satélite com simulações de modelos climáticos de cenários de emissões intermediárias e altas de gases de efeito estufa até 2100.

Os resultados dos dois cenários indicam a forte tendência de dobrar o derretimento das plataformas de gelo da Antártica até 2050.

No entanto, entre 2050 e 2100, os modelos revelam uma divergência significativa. No cenário de altas emissões, até 2100 as plataformas de gelo poderão entrar em colapso. Já no cenário de emissões reduzidas, há um pequeno aumento do degelo nas plataformas de gelo depois de dobrar em 2050.

“Os dados apresentados no estudo mostram claramente que a política climática, e portanto a trajetória das emissões de gases de efeito estufa neste século, exerce um enorme controle sobre o destino das plataformas de gelo da Antártica”, diz Karen Frey, da Clark University, coautora da pesquisa.

Foto: Domínio público

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Marina Maciel

Jornalista, Marina escreve sobre meio ambiente para diversas publicações brasileiras desde 2011. Já colaborou para veículos como Superinteressante, Exame, VEJA, VEJA SP, M de Mulher, Casa Claudia, VIP, Cosmopolitan Brasil, Brasil Post, National Geographic Brasil, INFO e Planeta Sustentável.