ONGs querem medalha olímpica com imagem do mico-leão-dourado
Há pouco mais de um ano para a realização dos Jogos Olímpicos 2015, que acontecerão no Rio de Janeiro, o vice-presidente da ONG Conservação Internacional (CI), Russel Mittermeier, propôs que a medalha de ouro da Olímpiada ganhe a imagem do mico-leão-dourado. “Fizemos uma campanha para que o muriqui – espécie de primata da Mata Atlântica – fosse escolhido como mascote das Olimpíadas, mas não tivemos sucesso. Esperamos que agora tenhamos mais força na ação”, afirmou.
A declaração de Mittermeier foi feita em Curitiba, durante o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, evento promovido recentemente pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que reuniu especialistas nacionais e internacionais em debates sobre conservação ambiental.
O objetivo da proposta de estampar o animal na medalha dos Jogos Olímpicos é promover a preservação da fauna e flora do país. “A biodiversidade brasileira é nossa maior riqueza e temos que envolver a sociedade a fim de que ela seja cada vez mais ativa em benefício da conservação da natureza”, diz Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Boticário.
A campanha pelo mico-leão-dourado foi uma das 27 moções aprovadas no congresso. O animal é um dos símbolos da luta contra a extinção de diversas espécies nativas do Brasil. Graças aos esforços de algumas entidades, o número de indivíduos fora de cativeiro aumentou muito nas últimas décadas.
A Associação Mico-Leão-Dourado, na Reserva Biológica de Poço das Antas, no Rio de Janeiro, trabalha desde 1992 para aumentar a população de micos. Segundo a entidade, na década de 60 restavam apenas 200 na natureza. Em 2014, a associação comemorou a contagem de aproximadamente 3.200 animais vivendo na reserva.
Endêmico do Rio de Janeiro, o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) tem uma pelagem que varia entre tons de vermelho e dourado. Apesar de pequeno, mede em média 60 cm de altura, precisa de bastante espaço. Sociável e muito dócil, vive em grupos, que contam com oito a 14 indivíduos, aproximadamente.
Apesar dos bons resultados com a reprodução do mico-leão-dourado, ainda é necessário aumentar a área de floresta em que ele habita, e para tal, terá de ser feito um grande esforço para o reflorestamento da Mata Atlântica e a criação de novas áreas de conservação.
Para Malu Nunes, ter a imagem do simpático miquinho na medalha pode ser um incentivo importante para o trabalho de proteção desta espécie. “É isso que queremos mudar para os Jogos Olímpicos, aproximar a sociedade da causa para que ela cobre das autoridades ações efetivas para conservação das espécies homenageadas”, diz.
Imagem: divulgação Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.