Amazônia terá Centro de Gastronomia e Biodiversidade

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Transformar a cidade de Belém do Pará e região em referência global da gastronomia amazônica, divulgando a riqueza de sua biodiversidade a partir da experiência e do aprendizado locais.

Esta é a missão do Centro de Gastronomia e Biodiversidade da Amazônia, criado por organizações da sociedade civil (ONGs) lideradas pelo Instituto Paulo Martins (que promove e divulga a gastronomia paraense e amazônica, além de organizar o festival Ver-o-Peso), o Instituto Atá (que tem o chef Alex Atala na direção e trabalha a relação do homem com o alimento) e o Centro de Empreendedorismo da Amazônia (fundado este ano para estimular a inovação e os negócios sustentáveis).

“Precisamos acabar com o extrativismo dos ingredientes da Amazônia e mostrar ao mundo que a diversidade não é obstáculo, mas oportunidade”, diz Roberto Smeraldi, ambientalista, gastrônomo e vice-presidente do Instituto Atá.

Em outubro, o Centro foi apresentado ao público duas vezes:
– uma em meados de outubro, na capital paraense, durante abertura de exposição no complexo Feliz Lusitânia, onde ficará instalado, e
– outra, em 30/10, no Pavilhão do Brasil na Exposição Universal de Milão, na Itália, onde ganhou grande repercussão.

Os saberes e sabores da Amazônia serão disseminados, pesquisados e construídos a partir de um complexo que terá escola de gastronomia (que além de trazer os melhores chefs do mundo para dar aulas, valorizará os que dominam a cultura e a tradição locais), laboratório de alimentos, barco-cozinha (super equipado com a mais alta tecnologia), museu e restaurante. Será o ambiente perfeito para que pesquisadores, estudantes, profissionais e também turistas tenham oportunidade de aprender tudo sobre a gastronomia e a biodiversidade locais. Lá, serão desenvolvidos trabalhos de pesquisa e de formação, projetos de apoio econômico como também de divulgação turística e cultural e articulação das comunidades rurais.

“Em vez de levar um ingrediente da Amazônia para um laboratório em Copenhague ou nos Estados Unidos para gerar conhecimento, vamos levar especialistas do mundo inteiro para trabalhar nas comunidades”, contou Smeraldi à reportagem da TV Globo, em Milão.

complexo-feliz-lusitania-belem-do-para-divulgacaoO centro será implantado paulatinamente, durante os próximos dois anos, no complexo às margens da Baía do Guajará, onde acontece (até janeiro) a exposição O Feliz Lusitânia cresce: o encontro entre a memória, a gastronomia e a biodiversidade, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas. Mas não demora muito para que suas atividades sejam iniciadas: em agosto de 2016, será realizado o encontro Diálogos Gastronômicos, que reunirá chefs de vários países para conhecer os sabores amazônicos e criar com base neles.

A cultura e a gastronomia de Belém são muito ricas, por isso sua escolha para abrigar projeto de tal dimensão, que foi bem recebido tanto pelo governo do Estado do Pará como pela prefeitura. No projeto, foram levados em conta o conhecimento tradicional dos povos indígena, caboclo e ribeirinho – que têm suas tradições muito ligadas ao alimento -, a riqueza de seus mercados, da comida de rua e de festividades como o Círio de Nazaré e o Ver-O-Peso da Cozinha Paraense.

Fotos: Pixabay/Eli Asfalla (abre) e divulgação

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.