Alerta máximo para poluição em Pequim

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Parece uma cena daqueles piores filmes de ficção científica. Algo imaginado pela mente do diretor Ridley Scott, no clássico Blade Runner, o Caçador de Andróides. Mas não é um mundo imaginário. É Pequim, capital da China, esta semana. O nível da poluição na cidade está 40 vezes mais alto do que o máximo aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A situação é tão grave, que o governo chinês foi obrigado a emitir sinal de alerta vermelho para seus 23 milhões de habitantes. Isso significa que escolas e fábricas ficarão fechadas e milhões de carros proibidos de circular pela capital chinesa. “O alerta é extremamente importante para prevenir que crianças sejam expostas a um nível de poluição tão alto”, disse Ma Jun, diretor do Instituto de Meio Ambiente de Pequim ao The Guardian.

A China enfrenta um dos mais sérios problemas contra a poluição no mundo. A dependência aos combustíveis fósseis ainda é enorme, principalmente ao carvão. Outras cidades do país têm índices ainda piores de poluição do que Pequim.

Na semana passada, o governo do país sofreu duras críticas porque o nível da poluição já era altíssimo. A população mal conseguia andar nas ruas por causa da massa de poluentes. Muitos tiveram crises de tosse e doença respiratórias foram agravadas. A organização governamental Greenpeace afirmou que a China estava deixando seus cidadãos a beira de um “airpocalipse”, sem emitir estado de alerta.

Meteorologistas acreditam que a situação deva melhorar a partir de amanhã, quinta-feira (09/12), quando há previsão de chuva para a capital da China. Com isso, a poluição deve se dissipar.

O que está acontecendo esta semana em Pequim é um caso simbólico e ocorre justamente quando líderes mundiais estão reunidos em Paris, durante a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP21). Se não houver uma transição da economia baseada nos combustíveis fósseis, como gasolina, diesel e carvão – altamente poluentes e responsáveis pelo aquecimento global -, para uma baseada em energias renováveis, a capital da China será apenas uma das milhares cidades ao redor do mundo que viverão em meio às trevas da poluição.

A poluição que mata

– poluição é responsável por inúmeros males à saúde como derrames, ataques no coração, câncer de pulmão e doenças crônicas e agudas respiratórias, como asma;
–  3,7 milhões de mortes prematuras foram causadas no mundo todo em 2012 por causa da poluição em áreas urbanas e rurais;
– 88% das mortes citadas acima aconteceram em países de baixa e média renda, localizados principalmente em regiões da Ásia e Pacífico;
– a fumaça doméstica, gerada pela queimão do carvão e biomassa, utilizados para cozimento e aquecimento de casas pobres, traz graves problemas de saúde para 3 bilhões de pessoas, sobretudo em países africanos.

Fonte: Organização Mundial de Saúde

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Foto: Kenneth/Creative Commons/Flickr

 

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.