“Ainda há tempo para a humanidade controlar seu destino”, alerta Al Gore, no Fórum Econômico Mundial

“Ainda há tempo da humanidade controlar seu destino”, alerta Al Gore no Fórum Econômico Mundial

Os eventos climáticos extremos, como furacões, secas, enchentes e incêndios selvagens, são cada mais vez frequentes. E apesar do Acordo de Paris ter sido firmado entre as principais nações do mundo, que se comprometeram, em 2015, a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, muito pouco foi feito até agora.

Estas foram as pautas que guiaram o encontro realizado ontem (24/01), na reunião sobre mudanças climáticas, realizada no Fórum Econômico Mundial, que acontece esta semana em Davos, na Suíça.

Uma grande aflição toma conta daqueles que sabem que o tempo é curto. Enquanto alguns, como o presidente americano Donald Trump, ainda relutam em aceitar que o aquecimento global é real e causado pelas atividades humanas na Terra, milhões de pessoas já sentem os efeitos das temperaturas mais altas na atmosfera do planeta.

A Cidade do Cabo, na África do Sul, é um exemplo desta chocante nova realidade. Caso a seca que acomete a região não dê trégua, a cidade pode ficar sem água – seria a primeira grande metrópole do mundo a passar por algo assim. Não muito diferente, entretanto, do que ocorreu em São Paulo, há alguns anos, quando o nível do reservatório Cantareira chegou ao seu limite.

O primeiro-ministro de Papua-Nova Guinea, Peter O’Neill , presente no debate em Davos, também relatou uma situação extrema vivida pelos moradores do país, localizado na Oceania. Depois de meses sem chuva, houve problemas no abastecimento de alimentos.

“O mundo parece pensar que temos tempo, mas existem comunidades que já sofrem”, afirmou O’Neill.

Hindou Ibrahim, coordenadora da Associação das Mulheres Indígenas e dos Povos do Chad, na África Central, deu seu relato sobre como as estações do ano estão cada vez mais curtas naquele continente, causando sérios problemas para a agricultura local. O Lago Chad é um exemplo das mudanças do clima: nos últimos 40 anos, 90% de sua água evaporou. “O resultado é a falta de comida e um aumento entre os conflitos das comunidades ao longo do lago”, contou.

Mas não há só pessimismo em Davos.

Um dos mais aguardados palestrantes da reunião foi o ex-senador e vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore. Ele é atualmente uma das principais vozes no combate às mudanças climáticas à frente do projeto The Climate Reality.

“Ainda há tempo para humanidade controlar seu destino”, disse. “Mas isso só irá acontecer se mais pessoas aceitarem o perigo iminente e os custos das mudanças climáticas. E isso já começa a acontecer”.

Segundo Al Gore, estamos no início de uma revolução sustentável. “Ela tem a magnitude de uma Revolução Industrial, mas a velocidade da revolução digital. Entretanto, o tempo é vital”.

 

Foto: divulgação Fórum Econômico Mundial/Boris Baldinger

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.