Adidas lança tênis 100% reciclável: após ficar velho, é devolvido para a loja e transformado em novo

Adidas lança tênis 100% reciclável: após ficar velho, é devolvido para a loja e transformado em novo

Este é o momento da virada do plástico. Para minimizar o descarte e multiplicar a vida de nossos materiais, estamos indo na direção da economia circular – da reciclagem e da regeneração. Uma coisa pode se transformar em outra. O fim pode ser o começo.

É com esse objetivo em mente que a Adidas, lançou seu novo modelo, FutureCraft.Loop, um tênis de corrida 100% reciclável, que depois de ficar velho, pode ser transformado em um novo.

Geralmente os calçados esportivos são confeccionados a partir de misturas de materiais complexos e colagem de componentes – resultando em um produto que dificilmente pode ser reciclado, mas somente, descartado. Jogado no lixo.

Já o FutureCraft.Loop é fabricado com apenas um tipo de material. E nada de cola. Cada componente é feito de poliuretano termoplástico (TPU, na sigla em inglês), 100% reutilizável – o fio é trançado, transformado em malha e moldado.

Quando sua vida útil acabar, o tênis então pode ser reciclado: ele é lavado, moído em grãos, derretido e o material resultante vira matéria-prima para um novo par de sapatos, com desperdício zero. Nada jogado fora, garante a Adidas.

O processo de desenvolvimento do produto não foi nada fácil. Levou vários anos até que se chegasse a um calçado resistente, seguro e completamente reciclável e reciclado.

Os primeiros 200 modelos de FutureCraft.Loop estão participando de um teste piloto e nas próximas semanas, serão devolvidos para a Adidas.

A expectativa da empresa é que no primeiro semestre de 2021 o novo produto chegue às lojas, juntamente com um programa de reciclagem.

A marca ainda não deu detalhes sobre o preço do tênis 100% reciclável. Afinal, como será definido o custo se o produto poderá ter mil vidas?

“Eliminar o lixo plástico é o primeiro passo, mas não podemos parar por aí”, diz Eric Liedtke, membro do Conselho Executivo da Adidas. “O que acontece com seus sapatos depois de usá-los? Você joga fora – exceto que não há ‘fora’. Existem apenas aterros e incineradores e, finalmente, uma atmosfera sufocada com excesso de carbono ou oceanos cheios de lixo plástico. O próximo passo é acabar com o conceito de desperdício inteiramente. Nosso sonho é que você possa continuar usando os mesmos sapatos repetidas vezes”.

O caminho da economia circular

Desde a década de 50, 8,3 bilhões de toneladas de plástico foram produzidas no mundo – 50% desse volume nos últimos 13 anos. Apesar de ser um material reciclável, essa quantidade é simplesmente muito grande. 90% do plástico fabricado no planeta não chega a ser reciclado. Quando misturado a outro materiais, a separação dos mesmos para a reciclagem se torna mais complicada e cara.

Por isso mesmo, reduzir a utilização dessa matéria-prima ou buscar soluções alternativas é um desafio gigantesco para a indústria de bens de consumo.

Esta não é a primeira iniciativa da Adidas rumo a economia circular. Em 2015, como mostramos aqui, a empresa anunciou o lançamento do protótipo de um tênis, fabricado com fios plásticos de redes de pesca ilegais, apreendidas na costa das Ilhas Maldivas, no Oceano Índico. O projeto era uma parceria com a organização ambiental Parley for the Oceans e permite que resíduos plásticos sejam transformados em fios de fibra.

Os tênis feitos com resíduos de plástico e redes de pesca

Em novembro do ano seguinte, noticiamos também quando foi anunciado o começo, pra valer, da produção de 1 milhão de tênis feitos com lixo plástico retirado dos oceanos.

De acordo com a companhia, em 2019, serão 11 milhões de pares produzidos com esses resíduos. E até 2024, a Adidas assumiu o compromisso de usar apenas poliester reciclado em todos seus produtos.

Fotos: divulgação Adidas

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.