Abrigo para refugiados é grande vencedor de prêmio internacional de design

Abrigo para refugiados com painel solar ganha prêmio internacional de design

63,5 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas em 2015. O problema enfrentado pelos refugiados é uma das maiores crises humanitárias da história recente.

Não é surpresa então que um dos principais prêmios de design do mundo reconheceu justamente um projeto com foco nos refugiados. O abrigo Better Shelter foi escolhido como o grande vencedor do Beazley Designs of the Year, não somente na categoria Arquitetura, mas também como de Grand Prize de 2017.

O prêmio reconhece os projetos de design mais originais e surpreendentes em seis diferentes categorias: transporte, produto, arquitetura, digital, moda e gráfica. Entre os 70 finalistas, o Better Shelter teve como concorrentes inovações como o tênis feito de plástico reciclado da Adidas, a nova ala do Tate Modern, em Londres, concebida pelo renomado escritório Herzog & Meuron, o boneco cadeirante da Lego e ainda, o purificador de ar gigante da firma holandesa de design Daan Roosegaarde.

Alguns dos pré-requisitos para os projetos de design serem escolhidos é que eles sejam agentes de mudança ou permitam a acessibilidade.

Abrigo sustentável

Com o intuito de tornar a estadia de milhões de famílias mais digna e segura em campos de refugiados, em 2010, surgiu na Suécia o projeto Better Shelter, com a crença de que o design sustentável poderia fazer diferença nestes lugares.

Geralmente são usadas tendas para acomodar os refugiados. Apesar de serem práticas e rápidas de montar, elas não oferecem segurança e privacidade, principalmente, para mulheres e crianças. E além disso, tem um prazo de vida curto, cerca de poucos meses.

Graças a uma parceria entre a Ikea Foundation e a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), os primeiros protótipos do Better Shelter, criados por engenheiros e designers, foram testados em campos de refugiados no Iraque e na Etiópia.

Em 2015, começou a produção oficial das casas temporárias. Até agora, já foram fabricados 16 mil abrigos, enviados para campos de refugiados em países como Grécia e Nigéria. A vida útil do Better Shelter gira em torno de 3 anos.

A montagem do abrigo demora aproximadamente 4 horas. A estrutura é feita de aço inox, que pode ser fixado no chão. O telhado e as paredes são de poliolefina (uma espécie de plástico), tratado com proteção UV, para reduzir a deterioração causada pela luz solar. Este material é reciclável.

Com 17,5 m2, o Better Shelter acomoda uma família de até cinco pessoas. A “casa temporária” tem quatro janelas, pé direito alto e fechadura externa e interna na porta da frente. Como é modular, pode ser customizada e adaptada para diferentes tamanhos e necessidades.

O abrigo dá mais segurança e dignidade às famílias de refugiados

Como o acesso à eletricidade é muito difícil na maioria dos campos de refugiados, o abrigo tem um painel solar no telhado, garantindo assim que as famílias possam cozinhar, ler e socializar durante a noite.

O Better Shelter é um negócio social. Todo o dinheiro arrecadado com a venda dos abrigos para a ACNUR é reinvestido no projeto.

“Better Shelter foca um dos problemas mais urgentes da atualidade: fornecer abrigo em uma situação excepcional, seja ela causada pela violência ou desastre natural”, afirmou Jana Scholze, uma das juradas do Beazley Designs of the Year. “Oferecer não apenas um design, mas um processo de fabricação e distribuição viáveis e seguros é o que torna este projeto tão relevante. Ele mostra o poder do design para responder a situações que enfrentamos e a maneira como podemos transformá-las”.

Os vencedores do Beazley Designs of the Year 2017 ficarão em exposição no Design Museum de Londres até 19 de fevereiro.

Família vivendo em um dos 16 mil abrigos que já foram produzidos


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Fotos: divulgação Ikea Foundation/Better Shelter

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.