A magia do chá do hibisco

hibisco

Tem algumas coisas bonitas pra se fazer com a bonita flor do hibisco, que podem transformar você, seu dia, sua fase de vida.

Você pode deixar a flor lá mesmo onde a encontrou, colorindo a cerca viva que esconde um muro sem graça, agora florido. É um ganho para o olhar, para enrubescer e fortalecer o mundo meio cinzento em que a gente anda vivendo.

A outra coisa é ousar colher a flor e colocá-la atrás da orelha. Ou levar pra sua irmã, mãe, namorada, esposa, uma mulher a quem você nutre afeto. Essa mulher – você ou a sua querida – vai olhar no espelho e reconhecer ali uma havaiana, transportada para uma beira de praia num dia azul, de calmaria. Vai respirar fundo e tranquila, renovada e vai sorrir. Aposto. Vai querer até dançar.

Ou você pode ainda pousar a flor num pires, num pratinho, acomodar ali ao lado uma porção de arroz, outras florzinhas de outras cores, balas bem docinhas e dedicar essa oferenda aos deuses hindus, como os balineses. Eles fazem oferendas de flores algumas vezes ao dia e estão sempre em paz. Faça a oferenda, regenere sua fé, conecte-se com os deuses, sorria suave como eles. Os balineses e os deuses.

Tem outra coisa ótima pra fazer com uma flor de hibisco, que é contar uma história divertida para o seu sobrinho. Você pega a flor, ajeita a haste dela entre o dedo indicador e o polegar e gira pra fazer a flor bailar. E começa a contar uma história assim:

… Era uma vez uma princesa com um lindo vestido vermelho, que bailava e bailava num baile real. Até que ela ficou cansada e decidiu subir as escadarias para repousar nos nobres e espalhafatosos aposentos principescos. De verdade, o que ela queria mesmo era ir ao banheiro. Mas como sentar-se na privada-trono-real com tanta roupa? Então, ela tirou uma saia – e vai despetalando o hibisco -, outra saia, o saiote, a anágua e a ceroula. E também tirou a coroa ( é nessa hora que você tira o estigma, que se parece com uma coroa). Aí, ela tirou a calcinha ( que é o cálice, a parte verde). Gran finale … Daí você aperta aperta a base da flor e anuncia que a princesa fez cocô. Então, a criança morre de rir – porque sai mesmo uma coisinha da base da flor – e pede pra você colher outra flor e contar de novo, porque adora descobrir estes bastidores mundanos da realeza… Não se contenha. Colha mais, sim. As flores se prestam a ser colhidas pra virar personagem de história para o seu sobrinho…

Depois de contada a história com muito amor e humor, você pode usar as pétalas despetaladas para fazer um chá de hibisco fresco. Use uma flor para cada xícara.

Coloque as cinco pétalas na xícara. Escolha um recipiente transparente porque você vai querer admirar a alquimia energizante que vai se revelar enquanto o chá se faz.

Aqueça a água e quando o líquido quase ferver desligue o fogo. Derrame a água quente sobre as pétalas do hibisco. Com esse gesto, você vai descolorir a pétala e dar à água um tom meio lilás desmaiado. Então, acorde o chá com algumas gotinhas de limão. Há um necessário equilíbrio entre a flor e o cítrico. Só com a acidez do limão a água de cor indefinida desperta e converte-se em cor de rosa, cor de hibisco. De novo, você vai sorrir. Aposto.

Tome o chá assim, purinho. Ou adoce, como e quanto quiser.

Precisamos de um chá, não é verdade?

Faça um pra você e outro pra alguém. Convide. Receba. Revele a magia do chá de hibisco.


Foto: @joyground/unsplash

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Cássia Miguel

Mulher de marido, mãe de filho, madrasta de enteados. Começou a carreira profissional vendendo pinga e pão com mortadela na venda dos pais, em Minas. Foi bancária, revisora de jornal, rádio escuta, repórter, editora e apresentadora de TV. Hoje é especializada em media training, com foco para entrevistas em TV e vídeo. Fez jornalismo na PUCCAMP, pós graduação em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas na USP e Análise do Discurso na PUC SP. Tudo isto sem tirar o pé da cozinha