A cada 40 segundos ocorre um suicídio no mundo: a segunda causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos

A cada 40 segundos ocorre um suicídio no mundo: esta é a segunda causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos

A Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu a data de hoje, 10 de setembro, como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. A entidade considera este um problema de saúde pública, que merece receber mais atenção de governos e da sociedade.

No mundo inteiro, por ano, aproximadamente 800 mil pessoas tiram suas próprias vidas. 79% dos suicídios acontecem em países de baixa ou média renda. E a cada tragédia ocorrida, estima-se que existam milhares de outras tentativas.

Os números acima foram divulgados pela OMS recentemente. Eles servem de alerta para os responsáveis pela elaboração de políticas públicas no setor de saúde mental.

“Apesar do progresso, uma pessoa ainda morre a cada 40 segundos por suicídio”, lamenta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS. “Toda morte é uma tragédia para a família, amigos e colegas. No entanto, suicídios são evitáveis. Conclamamos todos os países a incorporar estratégias comprovadas de prevenção nos programas nacionais de saúde e educação”.

Segundo a organização, apenas 38 países tem hoje iniciativas dirigidas especificamente para esse problema.

Leis mais rígidas para acesso a pesticidas e armas de fogo

Um dado chocante revelado pelo levantamento é que o suicídio é a segunda causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos.

Quando analisado mais a fundo, a morte entre adolescentes, na faixa dos 15 a 19 anos, o estudo mostra que as meninas aparecem em maior número, geralmente após uma gravidez, e os meninos decidem acabar com suas vidas depois de sofrer ferimentos provocados por acidentes de carro ou brigas.

Ingestão de pesticidas, enforcamento e uso de armas de fogo estão entre os métodos mais utilizados por aqueles que se matam.

A Organização Mundial de Saúde ressalta que as principais estratégias para diminuir o número de suicídios são aquelas que restringem o acesso aos meios, como por exemplo, proibir o porte de armas de fogo e regulamentar o uso e o descarte apropriado de agrotóxicos.

No Sri Lanka, uma série de proibições levou a uma queda de 70% nos suicídios: cerca de 93 mil vidas foram salvas entre 1995 e 2015. Na República da Coreia, onde o herbicida paraquat era responsável pela maioria dos suicídios cometidos pela ingestão de pesticidas, o fim de sua comercialização entre 2011 e 2012, representou uma diminuição de 50% das mortes nos anos seguintes.

Melhor treinamento dos profissionais de saúde

A OMS cita ainda outras medidas importantes para reduzir o número de suicídios, entre elas, a educação da mídia sobre como noticiar de maneira responsável esses casos, a implementação de programas entre os jovens para desenvolver habilidades para lhes permitam lidar com o estresse e a identificação precoce e acompanhamento de pessoas que apresentam indícios que podem vir a cometer um suicídio.

Para isso, faz-se necessário um melhor treinamento dos profissionais de saúde e não especialistas na avaliação e gerenciamento do comportamento suicida, juntamente com o tratamento preventivo de transtornos de saúde mental e monitoramento eficaz do uso de álcool e drogas, recomenda a OMS.

Pesquisas comprovam que grupos vulneráveis, que sofrem discriminação, mostram taxas mais altas de suicídio e de longe, o fator de risco mais forte para o ato extremado é uma tentativa anterior de suicídio.

A organização também irá lançar, em 10 de outubro, a campanha “40 Segundos de Ação”. A ideia é estimular a sociedade a se engajar no assunto, através das seguintes formas:

– Melhorar a conscientização sobre o significado do suicídio como um problema global de saúde pública;

– Melhorar o conhecimento do que pode ser feito para prevenir o suicídio;

–  Reduzir o estigma associado ao suicídio;

– Ajudar as pessoas que estão com problemas e fazer com que elas saibam que não estão sozinhas.

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Foto: domínio público/pixabay

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.