2016 pode ser ano mais quente da história

2016 deve ser ano mais quente da história

Para os cariocas, talvez a notícia nem pareça ser uma novidade. Nos últimos dias, os moradores da capital do Rio de Janeiro, assim como outros de diversas cidades brasileiras, enfrentaram temperaturas escaldantes. No Rio, a sensação térmica no final de semana beirou os 5ooC.

Segundo a  Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), 2015 foi o ano mais quente da história, se comparado à média de 1880, ano em que este tipo de medição começou a ser feito.

Agora, o Met Office, organização do Reino Unido que estuda o clima, acaba de divulgar que 2016 deve ter temperaturas iguais ou ainda mais elevadas do que este ano. “2015 deverá ser o ano mais quente da história e isto sugere que 2016 deverá ser tão quente como, se não, mais”, afirmou Chris Folland, pesquisador da entidade.

As projeções indicam que o próximo ano deve ser 1,14º C mais quente do a média da temperatura da era pré-industrial e que há somente 5% de chance que 2016 não seja ainda pior que 2015 (2014 foi o primeiro ano em que se registrou a elevação da temperatura em mais de 1ºC, quando comparado a 1880).

A previsão leva em conta não somente o aquecimento global, provocado pela ação humana (principalmente a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre), mas também pelos efeitos do El Ñino, que tem se mostrado bastante forte. O fenômeno natural é causado pela desaceleração dos ventos alísios, que sopram na região do Equador. Sem eles, o calor se intensifica nos oceanos, já que as águas não se movimentam.

“Acreditamos que se nossa projeção estiver correta e o próximo ano tiver temperaturas mais elevadas do que em 2015, teremos então três recordes históricos, ou seja, três anos seguidos com as médias de temperaturas globais mais altas da história”,  ressaltou Adam Scaife, chefe do departamento de previsões de longo prazo do Met Office.

De acordo com os pesquisadores, este pode não ser necessariamente um padrão que se repetirá nas próximas décadas, mas prova que o aquecimento global aliado a pequenas e imprevisíveis flutuações ou fenômenos naturais podem influenciar drasticamente o clima do planeta. A combinação destes dois fatores é um dos principais responsáveis pela ocorrência dos chamados extremos climáticos, como enchentes, ondas de calor extremos e secas.

Se os cientistas britânicos estiverem certos e o ano que vem bater o recorde da elevação da temperatura em 1,14º C, ficará cada vez mais difícil alcançar a meta acordada no começo deste mês, em Paris, na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP21), de impedir que a temperatura global não suba mais que 1,5º C até o final deste século.

Confira abaixo o gráfico com a projeção da temperatura para 2016:

gráfico mostrando previsão para temperatura em 2016

 

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Enfim, o acordo do clima! 

Foto: domínio público/pixabay e gráfico The Guardian 

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.