2016 em 12 livros inspiradores sobre gênero


O ano de 2016 foi marcante. E ficará marcado.

Há quem culpe os astros, as energias cósmicas, o aquecimento global ou simplesmente a velha e conhecida política.

Entre os desastres que observamos estão incluídas as graves violações aos direitos humanos, a guinada de um posicionamento conservador e a ascensão definitiva das mulheres à busca consciente e combativa por mais equidade.

Foram inúmeros os avanços – não podemos negar – que podem ter passado despercebidos em meio a tanta intolerância, incoerências e falta de empatia. Mas agora a gente quer fazer um breve balanço de 2016 e trazer boas referencias de leitura para nos cercar de novas energias, mais consciência e muito da clareza necessária para descobrir – ou entender – qual é o nosso papel nisso tudo: no mundo e neste momento que vivemos. Então, aqui está nossa contribuição, que é nosso presente para cada mês do Ano Novo: o assunto que mais mexeu com a gente (o mundo e/ou o Brasil) e a a indicação de um livro lindo e inspirador.

Janeiro – O legado de David Bowie

O falecimento de David Bowie fortaleceu a discussão sobre identidade de gênero e a desconstrução de estereótipos, que podem ser melhor compreendidos a partir da Teoria Queer. Sugerimos a leitura de JUDITH E A TEORIA QUEER, de Sarah Salih (Editora Autêntica).

Fevereiro – Aquecimento global

O mês de fevereiro de 2016 foi o mais quente desde o primeiro registro de temperatura do globo, em 1880. Que tal GÊNERO E MEIO AMBIENTE (disponível em PDF), de Mary Garcia Castro e Miriam Abramovay (Editora Cortez).

 

Março – Mulheres nas forças militares

Pela primeira vez uma mulher, Lori Robinson, foi nomeada para dirigir o comando militar norte-americano e comando militar encarregado da segurança aérea nos Estados Unidos e Canadá. Para este mês, indicamos A GUERRA NÃO TEM ROSTO, de Svetlana Aleksiévitch (Companhia das Letras).

Abril – As mulheres no Irã

No dia 9 de abril aconteceu a primeira maratona do Irã, mas a participação de mulheres foi vetada. Como protesto, duas delas – Masoumeh Torabi e Elham – se juntaram à multidão e acompanharam a corrida. Como inspiração, sugerimos a leitura de PERSÉPOLIS, de Marjane Satrapi (Quadrinhos na Cia.).

Maio – Estupro coletivo

Em maio de 2016, uma jovem de 16 anos foi vítima de estupro coletivo conduzido por 33 criminosos, que posteriormente ao ato se encarregaram de compartilhar nas redes sociais um vídeo que mostrava a vítima dopada e com marcas de violência. A leitura deste mês é O LIVRO NEGRO DA CONDIÇÃO DAS MULHERES, de Christine Ockent e Sandrine Treiner (Editora Difel).

Junho – Manifestação “Por todas elas”

Logo após o estupro coletivo numa favela do Rio, mulheres brasileiras e de alguns países da América Latina saíram às ruas para resistir à violência e protestar contra os abusos e incoerências impostos pelo machismo. Livro sugerido: MULHERES PÚBLICAS, de Michelle Perrot (Editora Unesp).

Julho – Preparação para as Olimpíadas

Uma das novidades mais especiais das Olmpíadas foi receber o primeiro time oficial de refugiados, composto por dez atletas. Entre eles, quatro são mulheres que deixaram seus países de origem e conseguiram refúgio no Brasil, no Quênia e na Alemanha. Para inspirar: THE DRESSMAKER OF KHAIR KHANA, de Gayle Tzemach (Harper).

Agosto – Impeachment de Dilma Roussef

Acompanhamos o impeachment da primeira mulheres eleita presidente do Brasil, entre justificativas que invocavam “a vontade de Deus” e a “família brasileira”. Que tal ler MULHERES NO PODER: TRAJETÓRIAS NA POLÍTICA A PARTIR DAS SUFRAGISTAS DO BRASIL, de Schuma Schumacher e Antonio Ceva (Edições de Janeiro).

Setembro – Violência contra mulheres negras

A Organização dos Estados Americanos (OEA), durante uma audiência pública, ouviu relatos de mulheres negras sobre casos de violência e discriminação. Do period de 2002 a 2013, o assassinato de mulheres negras aumentou 54,2%. Nada mais inspirador para este mês do que MULHERES, RAÇA E CLASSE, de Angela Davis (Boitempo Editorial).

Outubro – Prisão de Eduardo Cunha

Após meses de angústia, o ex-presidente da Câmara e deputado cassado, foi preso. Cunha tornou-se um dos maiores inimigos da militância pela equidade gênero, ao assinar o projeto de lei 5069 que complica o acesso das mulheres ao aborto pelas vias legais. Leitura sugerida: DIREITO, SEXUALIDADE E REPRODUÇÃO HUMANA, de Maria Claudia Crespo Brauner (Editora Renovar).

Novembro – Eleição de Donald Trump

Misógino, preconceituoso e imbuído de um convicto discurso de ódio, a eleição de Trump abalou a esperança de milhões de cidadãos espalhados pelo mundo e reforçou a importância de resistirmos – pacífica e firmemente – a possíveis retrocessos. Inspirador, o livro Chimananda Ngozi Adiche é perfeito para esta reflexão: SEJAMOS TODOS FEMINISTAS (Companhia das Letras).

Dezembro – Respirar fundo

Expirar o que não nos serve mais, inspirar novos ares, novos sonhos e novas perspectivas e, finalmente, agradecer ao que ficou de bom deste ano conturbado. Ótima leitura para terminar o ano: A CIRANDA DAS MULHERES SÁBIAS, de Clarissa Pinkola Estes (Editora Rocco). 

Daqui, o nosso MUITO, muito obrigada pelo primeiro ano de Mulheres pelo Mundo no Conexão Planeta! Reforçamos nosso compromisso de seguirmos juntas e juntos por uma sociedade mais justa, empática e equânime!

Nos vemos em 2017!
Gabi e Felipe

Ilustração: MysticArteDesign/Pixabay

Deixe uma resposta

Gabriele Garcia e Felipe Brescancini

Apaixonados pela vida, pelas pessoas, um pelo outro e pela missão de trabalhar por um mundo mais justo e igualitário, em 2014, criaram o Think Twice Brasil, movimento de conscientização social e revisão do senso comum que instiga as pessoas a se questionarem, enxergarem a sua função social e se reconhecerem como parte ativa de uma transformação cultural, política e ambiental. Aqui, no Conexão Planeta, falam de equidade de gênero, o papel da mulher na sociedade e suas diferentes perspectivas pelo mundo, a partir do projeto que lançaram este ano e que dá nome ao blog.